quinta-feira, 23 de julho de 2009

EXCLUSIVO: Abel Barbosa fala sobre os 51 anos de Emancipação Política de Paulo Afonso

Aos 81 anos de idade, com a saúde debilitada, o autor do projeto de lei que criou o município de Paulo Afonso vive sozinho em uma casa simples da periferia na cidade.

28 de julho de 1958 – Nesta data, o então governador da Bahia, Antonio Bambino sancionou a lei n 1.012 emancipando o distrito de Paulo Afonso do município de Glória – Região Norte do estado. O nascimento de Paulo Afonso, hoje uma das mais importantes cidades do interior do estado e do Vale do São Francisco, foi resultado do projeto de lei proposto pelo jovem vereador da época, Abel Barbosa e Silva.
51 anos depois da maior de suas bravatas, com 81 anos de idade, o autor do projeto de lei recebeu nossa reportagem em sua modesta residência no Loteamento Boa Esperança – periferia da cidade que nasceu a partir da sua visão futurista. Em uma descontraída entrevista, Abel falou da sua chegada ao povoado e como surgiu a idéia de transformá-lo em uma cidade independente.

ENTREVISTA: Washington Luís com Francisco Sales
Washington_pa@hotmail.com / franciscosales22@hotmail.com

WL- O que fez o senhor acreditar que aquele simples povoado, na década de 50, poderia se transformar em uma cidade independente?

AB- Quando cheguei aqui, em 04 de setembro de 1950, com 22 anos de idade, fiquei deslumbrado com a quantidade de caminhões paus de arara que chegavam trazendo centenas de trabalhadores. Ao descerem dos caminhões, os “caçacos” como eram chamados eram recebidos pelo pessoal da CHESF e logo encaminhados para trabalhar nas obras da usina. Conheço praticamente todas as cidades de Pernambuco e nunca tinha visto nada igual. Fiquei observando o movimento e vi que Paulo Afonso tinha condição de ser uma cidade.

WL- Se o Sr. não tivesse apresentado o projeto de lei da emancipação, você acha que algum outro vereador teria feito isso?

AB- Acho que sim, porque todos pensavam que era fácil, como eu também pensei. Mas pela lógica era impossível. Era um povoado novo, com apenas 5 anos de idade e era comandado pelos caciques políticos da região. Eram os chefes políticos de Rodelas, Macururé, Chorrochó... e nenhum deles aceitava a emancipação política de Paulo Afonso.

WL- Depois do desmembramento do antigo povoado, agora cidade de Paulo Afonso, veio o desenvolvimento, principalmente em função das obras da CHESF. Enquanto isso, em Glória, praticamente não houve nenhum progresso. O senhor se sente culpado por isso?

AB- Não. Até porque as barreiras encontradas estavam justamente aí. Paulo Afonso era a única fonte de renda. Por isso ninguém queria sua separação de Glória.

WL- O progresso de Paulo Afonso lhe deixou envaidecido?

AB- Envaidecido não, porque não sou vaidoso. Eu diria que me deixou orgulhoso.

WL- O que fez o senhor acreditar que aquele simples povoado, na década de 50, poderia se transformar em uma cidade independente?

AB- Quando cheguei aqui, em 04 de setembro de 1950, com 22 anos de idade, fiquei deslumbrado com a quantidade de caminhões paus de arara que chegavam trazendo centenas de trabalhadores. Ao descerem dos caminhões, os “caçacos” como eram chamados eram recebidos pelo pessoal da CHESF e logo encaminhados para trabalhar nas obras da usina. Conheço praticamente todas as cidades de Pernambuco e nunca tinha visto nada igual. Fiquei observando o movimento e vi que Paulo Afonso tinha condição de ser uma cidade.

WL- Se o Sr. não tivesse apresentado o projeto de lei da emancipação, você acha que algum outro vereador teria feito isso?

AB- Acho que sim, porque todos pensavam que era fácil, como eu também pensei. Mas pela lógica era impossível. Era um povoado novo, com apenas 5 anos de idade e era comandado pelos caciques políticos da região. Eram os chefes políticos de Rodelas, Macururé, Chorrochó... e nenhum deles aceitava a emancipação política de Paulo Afonso.

WL- Depois do desmembramento do antigo povoado, agora cidade de Paulo Afonso, veio o desenvolvimento, principalmente em função das obras da CHESF. Enquanto isso, em Glória, praticamente não houve nenhum progresso. O senhor se sente culpado por isso?

AB- Não. Até porque as barreiras encontradas estavam justamente aí. Paulo Afonso era a única fonte de renda. Por isso ninguém queria sua separação de Glória.

WL- O progresso de Paulo Afonso lhe deixou envaidecido?

AB- Envaidecido não, porque não sou vaidoso. Eu diria que me deixou orgulhoso.

FS- Você foi prefeito de 1979 a 1985. Quem lhe indicou para o cargo?

AB- O saudoso Antonio Carlos Magalhães, que aliás, na época da revolução ficou contra mim. Depois nos tornamos grandes amigos. Onde eu estiver ninguém fala mal de ACM, porque foi um grande amigo.

WL- Como prefeito ( nomeado ), o senhor ficava à vontade para ir ao gabinete do governador para pedir recursos?

AB- Não. Eu fui prefeito por insistência de ACM. Achava que minha formação não era suficiente para ocupar o cargo. Mas fui convencido pelo governador; e como ele era meu amigo, sempre abriu a porta do seu gabinete para mim.

WL- Antes da conquista do voto direto nas cidades consideradas áreas de segurança nacional,
Como eram indicados os nomes dos possíveis prefeitos?

AB- Quem indicava era a CHESF. Aliás, a CHESF mandava em tudo, até o dia em que eu assumi a prefeitura, mesmo porque só ela tinha condição: hospital, feira, clubes... tudo era da CHESF. Depois eu criei o CREIA e outras opções surgiram na Vila Poti.

WL- Como prefeito, qual foi a maior obra que o senhor realizou e o que gostaria de ter feito e não conseguiu?

AB- Eu não me perdoaria se saísse da prefeitura e deixasse aquele “muro da vergonha” que separava o Acampamento Chesf da Vila Poti. Alguns moradores do Acampamento chamavam os da Poti de “cata ossos”. E como morador da Poti, eu também era um “cata osso”. Por isso, para mim era questão de honra derrubar o muro de pedra, que antes era uma cerca de arame farpado.
E consegui. – Por outro lado, o que eu gostaria de ter feito, fiz em parte: acabei com algumas favelas, como a Vila do Rato, hoje Bairro Perpétuo Socorro... e bairros como o Jardim Bahia surgiram no meu governo. Lutei para que se construísse uma ponte de acesso à ilha que fosse condizente com o crescimento da cidade. E hoje os meus argumentos estão se confirmando. Precisamos de uma ponte que atenda a demanda de carros, motos, carroças e pedestres.

2 comentários:

Margarida disse...

Abel Barbosa, este é o homem!!!
Um idealista, que acredita na democracia, na decência e na honestidade. Quando prefeito de nossa Paulo Afonso, só pensou em benefício para a população.
Homem honesto, até hoje, não pensa apenas em seus interesses pessoais ou partidários... Sempre esteve envolvido nas lutas democráticas.
uma figura extraordinária e um modelo de bom caráter.
Enquanto atuou politicamente, defendia suas posições com unhas e dentes – mas, cedia quando o adversário apresentava argumentos convincentes – e desenvolveu, ao longo dos anos, um estilo peculiar de governar!!!
Já nao se faz, já nao existe mais, prefeitos, como Abel Barbosa.
Eu poderia dar-lhes parabens Senhor Abel Brabosa, mas, nao, eu nao vou dar, porque de parabéns está Paulo Afonso, por tido o senhor como prefeito, por tê-lo como cidadão!

TARCISIO PEREIRA disse...

Este sim é Paulafonsino de fato e de direito. Parabens Paulo Afonso por ter um guerreiro desta estirpe.